As 3 Funções Essenciais do Design de Produto: Prática, Estética e Simbólica
- Leo Castilho
- 14 de out.
- 6 min de leitura

Você com certeza já percebeu que muitos produtos, tem um forte poder de atração, capturando nosso interesse e nos fazendo comprá-los. Bom, isso acontece porque na configuração de objetos e serviços o profissional de design faz uso de 3 princípios fundamentais:
O do uso do produto;
O da percepção de forma e aparência;
E o do significado dele para a sociedade em que vivemos.
Neste Estudo Acadêmico vamos nos aprofundar melhor em como as funções praticas, estéticas e simbólicas de Bernd Löbach, constituem parte central desses fundamentos do fazer design, permitindo que nossa prática de configuração dos diferentes ambientes artificiais seja aprimorada.
A hierarquia das funções na configuração de produtos
Na relação entre usuário e produtos industriais, são as funções o aspecto essencial percebido durante processo de uso, que nos possibilita a satisfação de certas necessidades e desejos.
Essas funções sempre estarão presentes em qualquer objeto ou serviço produzido industrialmente. É impossível excluir uma ou outra função na hora de criar esses produtos, o que acontece é geralmente a manutenção inconsciente das funções ignoradas, onde o resultado se torna uma consequência do processo e não parte da solução proposta por ele.
Assim, podemos perceber que a função principal de determinado produto industrial sempre estará acompanhada das outras funções, que recebem o nome de funções secundarias. Sobre isso vale dizer, que é papel do designer, durante a configuração dos objetos e serviços, saber escolher quais funções serão ressaltas e quais não.

A imagem ao lado exemplifica bem isso. Já que no desenvolvimento de uma engrenagem não é preciso adaptar a solução aos comportamentos humanos, pode-se ignorar a função simbólica e a estética, focando todo o trabalho na sua função prática. O que não acontece no design de um carro, por exemplo, já que a maioria dos carros atende a uma função semelhante, se torna necessário um foco maior sobre a estética dele, visando criar um diferencial na percepção do cliente, frente aos carros da concorrência. A função simbólica também poderia ser utilizada aqui. Veremos melhor essa relação entre função estética e simbólica mais a frente.
Em conclusão, devemos entender que o papel do designer em um projeto de qualquer produto industrial, será sempre o de garantir um resultado global e unificado da solução proposta por esse projeto, organizando de forma correta a função principal e as segundarias.
Isso acontece porque o seu treinamento e especialização é focado na conformação industrial, priorizando tanto o fabricante e o seu usuário final.
Função Prática: A base para tudo
São funções praticas todas as relações entre produto e usuário, que se situam em um nível orgânico-corporal, isto é, fisiológico. Essa função tem importância especial no desenvolvimento de produtos industriais, devido a esse seu aspecto de solução dos problemas fisiológicos.
O que distingue a espécie humana das demais é justamente nossa capacidade de configurar e viver num ambiente artificial onde nossas faculdades essências adquirem uma forma material e concreta, capaz de atender nossas necessidades e desejos.
Por isso é muito importante que o designer seja capaz, durante o processo de configuração dos produtos industrias, de conformar esses objetos e serviços ao corpo humano, permitindo que eles preencham da forma mais natural possível as condições para nossa sobrevivência. O objetivo principal do desenvolvimento de produtos industriais, é o de criar soluções adequadas para os problemas que encontramos no dia-a-dia, sempre dentro do possível, tendo em vista nossa sociedade de mercado.
Função Estética: Formando uma conexão sensorial
São funções estéticas todas as relações entre produto e usuário, que se situam no nível dos processos sensoriais, onde a Sensação ativa os valores individuais, permitindo uma percepção unificada do nosso mundo.
Vale dizer que nossa percepção, como informa a Teoria da Gestalt, sempre é primeiramente global e unificada para em seguida dividir a realidade em diferentes partes.
Com isso, percebemos o aspecto totalmente psicológico da função estética, que durante a percepção, contato ou uso é revelada para o usuário. Aqui muitos argumentariam em favor da conformação que mascara e esconde a falta de qualidade nos produtos, mas a tarefa real do designer é a de criar uma estética educativa, que aproxime o usuário do produto e o informe sobre como usá-lo.
É importante destacar que a nossa relação com os objetos e serviços que nos rodeiam é tão essencial para a saúde psíquica quanto o contato com nossos amigos e familiares. O designer profissional deve sempre estar atento para isso, evitando dentro do possível que eles se tornem meros “blocos cinza”. Nossa realidade econômica tem contribuído, em grande parte, para que a relação emocional com o ambiente artificial em que vivemos seja cada vez mais dolorosa, estar atento ao exagero funcional da lógica e da racionalidade é um dever de design.
No entanto, aparência do produto ainda é um fator decisório na compra. O resultado estético de um produto sempre vai agir de forma positiva ou negativa sobre o observador, provocando um sentimento de aceitação ou rejeição dele.
No mundo pós-moderno a tarefa principal do designer tem se tornado, cada vez mais, atender as condições de percepção do usuário, através do uso sensorial dos produtos e serviços. Para isso, no entanto, geralmente ele depende apenas de suas experiências estéticas anteriores, como forma, cor, superfície e outros, algo que deveria ser mais embasado com testes e pesquisas.
Esse é o papel fundamental da função estética, isto é, promover o bem-estar pela identificação pessoal do usuário com o objeto ou serviço criado. A capacidade de vender um produto está condicionada por isso, já que ele geralmente só é utilizado quando chegamos em casa, enquanto a estética é percebida imediatamente no ponto de venda.
Função Simbólica: Criando significado na conexão
São funções simbólicas todas as relações entre produto e usuário, capazes de produzir um estímulo na espiritualidade desse usuário, quando ele entra em contato com o produto. Essa é a função que integra a nossa percepção do mundo real com o espírito humano através dos Arquétipos.
No ambiente artificial que vivemos, geralmente utilizamos de simbolismos, isto é, uma representação figurativa da realidade, para permitir um entendimento mais imediato dos conteúdos presentes nela. Isso porque a mente humana de forma alguma nasce “vazia”, ela é, na verdade, um produto histórico que passou por um processo evolutivo enorme, desde as cavernas ao mundo medieval até os dias de hoje.
Através da abordagem estética, fazendo o uso de cores, ornamentos, formas, tratamento da superfície, entre outras coias, é que o designer consegue acessar as substâncias do espírito e despertar no indivíduo uma conexão espiritual com os produtos industriais. Essa conexão é absorvida emocionalmente pelo usuário, fazendo um paralelo com suas experiências passadas, sejam elas de origem pessoal ou cultural.
Também é importante destacar, que são os aspectos econômicos de classe social, o que muitas vezes vai criar essa preferencia por certos tipos de simbolismos em cada indivíduo, cabe ao designer, então, perceber essas conexões e utilizar de sua linguagem para acessar o espirito do usuário.
Um bom exemplo de função simbólica pode ser observado no Streamline do Styling Americano da década de 1950, assim como no forte contraste entre luz e sombra do Chiaroscuro renascentista.
O mundo industrializado da sociedade de massas
Como observamos até agora, configurar um bom produto industrial não é uma tarefa fácil, ela exige um profissional que seja capaz de conhecer o produto em sua forma global, o que implica em entender quais são as questões econômicas, culturais e sócias escondidas por trás do uso desse produto.
No design são as funções de uso, funções estéticas e as funções simbólicas que nos permitem o aperfeiçoamento dos objetos e serviços produzidos industrialmente para o consumo em massa.
Saber coordenar essas três funções de forma eficiente, é vital para que as necessidades e desejos de cada usuário sejam realmente satisfeitas. Acima de tudo, é fundamental para que a empresa produtora obtenha lucro sob a venda desses produtos, sendo esse o motivo pelo qual um designer consegue seu emprego.
No entanto, devemos lembrar sempre que o profissional de design deve agir como uma balança, equilibrando os interesses do fabricante e do usuário.
Em conclusão, vimos que:
O uso de um produto industrial é o motivo pelo qual criamos ele e pelo qual o compramos;
Entendemos que são as suas características estético-simbólicas o que causa conforto e identificação no uso desse produto;
E por fim, que o bom uso desses princípios permitem que a mera configuração industrial da solução de um problema torne-se parte da nossa cultura.
O que é o Arquivo Teórico?
O Arquivo é um repositório online com perspectiva institucional, criado com o objetivo principal de organizar e catalogar meus estudos, facilitando todo o trabalho de referências e consultas bibliográficas.
Acesse ele por aqui. E explore toda a bibliográfica que embasa o The Invisible Hand Market Studio. Você poderá ler na íntegra minhas notas de estudo, consultar os títulos das obras e suas datas de publicação, além de filtrar elas por ordem de importância teórica.


Comentários