Afetos e desafetos: Uma proposta de filosofia da história
- Leo Castilho
- 9 de out.
- 4 min de leitura

Numa tentativa falha de construir um suposto pensamento filosófico de design, eu acabei preso no processo criativo e num trabalho injusto de resolução de problema, então, cheguei ao que estou apresentando agora…
Não diria que foi sorte, mas uma degeneração em função da natureza que é o trabalho de criar conteúdos. Bom, fato é que a tarefa pela qual comecei a escrever não mudou, ainda estou sob o intuito de raciocinar o fazer do design, enquanto um processo criativo para a resolução de problemas. E para isso devemos destacar alguns preceitos históricos que tenho observado aqui e ali, por isso citarei de meus rascunhos anteriores essas duas passagens.
Muitos são os usuários do processo criativo para a resolução de problemas, tanto é que esse numero de profissionais qualificados, fundou por volta do século XIX as bases para o que conhecemos hoje como design. Foram movimentos importantes como o Funcionalismo alemão e o Styling americano, que sob o pretexto moderno solidificaram nossa formação teórico-prática, permitindo a esse ofício sua integração final na divisão internacional do trabalho, porém, também foram eles os responsáveis pela mecanização do trabalho de design, onde a criação regida unicamente por fatores externos subjugou a racionalidade imanente ao processo criativo.
Já na pós-modernidade, teríamos visto certos grupos tentarem uma retomada dessa visão mais crítica do fazer design. Suas reflexões podem ser vistas nos mobiliários icônicos do grupo Memphis, assim como no New Wave de Wolfgang Weingart, mas a realidade é que no lugar de retomar o pensamento critico sobre o fazer do design, esses movimentos o afastaram ainda mais da sua racionalidade, deixando o processo criativo a mercê do subjetivismo, quase como se fosse uma nova forma de fazer arte.
O problema que estou tentando expor aqui, é basicamente o conflito incessante que nossa profissão tem com a relação Inconsciente-Consciente, a meu ver, parece que nunca fomos capazes de superar a proposta kantiana de que existe um universo a parte, o qual seríamos incapazes de acessar por completo, devido a sua natureza exterior. No entanto, essa não é a verdade e para isso salvarei algum tempo, realizando outra citação própria.
Nesse contexto surge novamente a possibilidade de uma Configuração Emocional, onde o processo criativo nem sempre é capaz de examinar racionalmente os detalhes intrínsecos as ideias que cria. Assim fazemos uso dos elementos estéticos como forma, cor, material, superfície, etc. de forma displicente, sem perceber como realmente é que estamos contribuindo para a construção do mundo comum. Pense em qualquer produto ou serviço e vera que eles não são meros convites a imaginação, mas imposições concretas sobre a forma com a qual você usa a realidade para satisfazer suas necessidades e desejos.
Essa questão não é nada simples e impacta de maneira definitiva em como o design é para si. Isso porque agora não estamos mais lidando unicamente com a satisfação dos desejos e necessidades dos chamados usuários, mas começamos a perceber uma relação de afeto entre o indivíduo e o produto ou serviço construído pelo designer. As pessoas compram essas criações não porque desejam ou precisam, mas principalmente pelo fato de que se veem nelas, não é isso que a nova ideia de “branding” tem pautado? Humanização de mercas? Discutimos sobre como uma marca age, pensa, fala e vamos mais e mais atribuindo qualidades humanas a essas instituições, sem nunca realmente investigar quais as implicações disso.
O que está implícito aqui pode ser posto a prova pela velha forma Aristotélica onde “Nihil est in intellectu quod prius non fuerit in sensu”, quero dizer, as substâncias formadas pela nossa Psique, coincidem no mínimo com o início da nossa espécie, mas enfim, talvez seja esse o motivo pelo qual nunca raciocinamos sobre essa questão, apenas não tinha atingido os nossos sentidos ainda...
Assim, veremos que os afetos produzidos pelos produtos e serviços tem total conexão com os objetivos e interesses pessoas de um indivíduo ou grupo de indivíduos, colocando o sentido do valor em uma posição menos favorável para o usuário e mais favorável ao criador, ou melhor, ao dono do que está sendo valorizado. Isso frente a noção histórica dos ornamentos dentro do design, onde eles são usados categoricamente como forma de distinção social, deixa claro que concorremos para unificação ou fragmentação dos indivíduos nessa sociedade.
Sendo assim, o que fica até o momento é uma declaração de minhas intenções, onde os passos que darei adiante serão no sentido de elaborar uma estrutura própria de design enquanto processo criativo, onde o resultado estético não seja mero ornamento, mas um vetor para a individuação da sociedade humana, permitindo que racionalidade histórica seja autoconsciente do seu funcionamento configurador. O que não quer dizer de nenhuma forma que esses passos já estão dados e que vou apenas os publicá-los, mas sim que esse será um processo feito por aqui e para aqui.
Apenas estive passando por dificuldades sintéticas do pensamento, evitar a construção de novos equívocos históricos não é uma tarefa fácil, mas sim um problema enorme de organização entre datas e fenômenos de importância específica.
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